Desde que foi anunciada em 2015 pela Amazon Prime, um serviço de streaming semelhante a Netflix, Crisis in Six Scenes gerou muita expectativa por todos que a aguardavam, trazendo ainda Miley Cyrus no elenco. Com isso, após sua estreia em 30/09/2016, não se deu mais nenhuma repercussão sobre ela, acabando por cair no limbo. Porém, já que se trata de Woody Allen, vale a pena conferir quem gosta do estilo leve de seus filmes, bem descontraído, com suas piadas cotidianas e personagens carismáticos.
A trama se passa nos anos 60, época em que os conflitos sociais estão em voga nos Estados Unidos, trazendo embates entre o capitalismo e o comunismo, negros e brancos, movimentos dos direitos civis, Panteras Negras, toda a semente rebelde que surgiu nessa época. E dentro desse contexto temos o personagem de Allen, um escritor frustrado que leva uma vida burguesa devido ao seu trabalho anterior como publicitário, que tem seu mundo em choque quando a personagem de Miley Cyrus, uma jovem rebelde procurada pelo FBI, procura a esposa do personagem de Allen para ajuda-la a se esconder da policia, acabando por interferir na rotina de todos que vivem dentro da casa.
Não há como negar que o personagem de Cyrus é o mais cativante de todo enredo, a jovem revolucionaria que vai contra o sistema tentando muda-lo de qualquer forma, citando frases e ideais de pensadores como Lênin, Mao e Marx. Essa postura de sua personagem acaba por influenciar o inquilino de Allen, um jovem que nunca tomou partido de nada que foi criado para ser mais um dentro da engrenagem que é o sistema, que começa a repensar toda sua situação dentro de todo contexto que ele está vivendo.
Apesar da série possuir excelentes personagens, as piadas convencionais de Allen, Crisis in Six Scenes peca no que seria o formato para séries, acabando por alongar momentos ou até mesmo inventar situações ou personagens, sendo que ainda o “gancho” de um episódio para o seguinte não funciona, em suma, torna-se um filme em seis partes que pausam a cada 24 minutos. Não há duvidas que funcionaria melhor como filme, e apesar de Allen não ser um novato no formato de televisão, a série acaba sendo melhor que algum dos trabalhos recentes do diretor, como Irrational Man ou Café Society.
Enfim, não é uma série que revolucionou a televisão ou até mesmo algo imperdível que é necessário ver antes de morrer, é algo bem descontraído, leve e irreverente para se assistir sem expectativa, acaba por se tornar uma surpresa agradável mas sem nenhum charme a mais. E, apesar de ter “ganchos” para uma segunda temporada, é praticamente nula a chance de renovação de Crisis in Six Scenes.
Apaixonado por cinema, amante das ciências humanas, apreciador de bebidas baratas, mergulhador de fossa existencial e dependente da melancolia humana.