Nossa geração, essa nascida na década de 90 e no início dos anos 2000 conhecida como geração Z, não teve uma guerra para lutar, ou uma crise econômica tão catastrófica que levou as pessoas para a rua em busca de um pedaço de pão ou de uma caneca de sopa. Logo, podemos ser considerados como um grupo de pessoas comuns que não teve que lutar por nada, porque pode não ter sobrado nada para criar uma revolução, nada para nos sentirmos vivos.
Esse é um dos princípios de Tyler Durden, personagem de “Clube da Luta”, e ele usa isso para justificar a luta contra os grandes conglomerados financeiros e contra os padrões físicos impostos para as pessoas, onde nós, influenciados pela mídia hegemônica a consumir, nos vemos obrigados a seguir um padrão de vida para que a maioria das pessoas nos aceitem.
Lançado no ano de 1999 a obra é sobre pessoas comuns que decidiram fazer da sua guerra a luta contra com esses padrões e claro, contra a influencia da mídia, que nos leva a consumir cada vez mais, para que nunca sintamos satisfação em viver e continuemos a manter os lucros das grandes empresas lá em cima.
Dirigido por David Fincher, a obra conta a história de um homem interpretado por Edward Norton que é obrigado a sair de casa porque seu apartamento explodiu. Sem conseguir dormir, ele segue sua vida de maneira enfadonha, insatisfeito consigo mesmo, até que conhece Tyler Durden (Brad Pitt) e juntos eles fundam o Clube da Luta, onde homens se reúnem para brigar entre si e assim se sentirem vivos. Fora isso, Norton é obrigado a lidar com Marla (Helena Bonham Carter), uma mulher que está sempre presente em sua vida, ele desejando isso ou não.
É possível verificar a perfeição do filme devidos a seus aspectos técnicos unidos a capacidade imersiva de sua história. A fotografia, a montagem e as atuações são segmentos que, quando unidos, põem o espectador em um profundo estado de concentração, de atenção, e isso é necessário para o entendimento total da obra.
A fotografia é constantemente escura, como se as pessoas daquele mundo tivessem seus dias sempre nublados e nunca ensolarados, talvez porque o dominante na sociedade é a insatisfação com a vida, levando a problemas psicológicos que realizam uma manutenção do tédio e da necessidade de consumir.
Na montagem, é possível perceber como a estrutura do filme contribui para a história funcionar, graças a esse aspecto, percebemos a evolução das coisas de maneira clara, não nos perdemos nos fundamentos apresentados e, claro, sentimos aquilo que os personagens sentem, seja raiva, indignação, amor ou loucura.
Claro que esses sentimentos têm que ser bem transmitidos para o público, para isso, as atuações do trio principal, Norton, Pitt e Carter, são essenciais, pois é através deles que entendemos tudo pelo qual o personagem de Norton passa e, o principal, compreendemos como a crítica social foi construída através dele.
Porque sim, todos nós temos um pouco de Tyler Durden dentro de nós, todos nós nos imaginamos de maneira idealizada, sonhando em ser pessoas melhores mesmo que já sejamos essas pessoas.
E essa sensação de ser quem quiser e de ao mesmo tempo não ser se deve ao consumismo exacerbado mantido e influenciado pelas propagandas veiculadas na mídia hegemônica e sendo uma prática que realizamos graças a empregos que odiamos…
Para comprar merdas que não precisamos.
Formado em Jornalismo e apaixonado por cinema desde pequeno, decido fazer dele uma profissão quando assisti pela primeira vez a trilogia “O Poderoso Chefão” do Coppola. Meu diretor preferido é Ingmar Bergman, minhas críticas saem regularmente aqui e no assimfalouvictor.com