O país sede da copa é um dos berços do cinema, foi lá que surgiram processos de montagem e edição usados até hoje, graças a Sergei Eisenstein e Dziga Vertov temos movimentos cinematográficos distintos, seja porque os líderes desses movimentos concordam com esses dois, como na Hungria e parte da Ásia, seja por discordarem e terem criado outras escolas, como a Nouvelle Vague na França.
Na Rússia, surgiram nomes de muito sucesso e ainda estudados hoje, o principal deles é Andrei Tarkovsky, um cineasta que ousava no minimalismo e existencialismo nos seus trabalhos, usando muitas vezes aspectos da própria vida para a criação de metáforas. Porém, nos tempos atuais, há outros nomes como Andrey Zyvagintsev, diretor de filmes como “Leviatã” e “Sem Amor” concorrentes ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Nikita Mikhalkov, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro com “O Sol Enganador” no ano de 1994.
Como parte da série especial Cinematologia para a Copa do Mundo 2018, segue a indicação de 4 filmes russos e/ou dirigidos por russos, desde mais antigos até mais recentes, que fazem o público conhecer e se apaixonar pelo país.
O Encouraçado Potemkin. Dir: Sergei Eisenstein, 1925
Um dos filmes que mostraram na prática a montagem que Eisenstein defendia em suas teorias, “O Encouraçado Potemkin” é uma obra que se tornou histórica por isso, mas também por ter como assunto principal um protesto político realizado por marinheiros da embarcação que dá título ao filme.
A obra tem uma cena clássica, a da escadaria em Odessa, que foi homenageada em muitos filmes que viriam a ser lançados depois, sendo “Os Intocáveis” de Brian de Palma o maior exemplo disso. A projeção fez história ao usar efeitos especiais e cortes que geraram padrões no cinema atual.
Solaris. Dir: Andrei Tarkovsky, 1972
Considerada uma das grandes ficções cientificas da história, “Solaris” conta a história de Kris Kelvin, um psiquiatra que é enviado para a estação espacial de Solaris, um planeta distante da Terra, para investigar o que aconteceu com a tripulação enviada em missão, pois eles não dão nenhuma notícia há algum tempo.
Lançado em 1972, muitos dizem que esse filme é a resposta soviética para “2001 – Uma Odisseia no Espaço” de Stanley Kubrick, porém, o que interessa é que “Solaris” foi um dos primeiros estudos de personagem feitos usando a ficção cientifica como gênero cinematográfico, uma ousadia repetida por poucos filmes de tal classificação até hoje.
O Procurado. Dir: Timur Bekmambetov, 2008
Dono de um dos maiores sucessos de bilheteria na Rússia, o diretor Timur Bekmambetov ficou conhecido na indústria norte americana graças ao filme “O Procurado”, estrelado por James McAvoy, Angelina Jolie e Morgan Freeman, uma obra de ação e fantasia.
A história é a de Wesley Gibson, quando até então um simples trabalhador de uma empresa, ele descobre ter nascido para ser um assassino, assim, recrutado pelo personagem de Morgan Freeman, ele passa a ir atrás do assassino de seu pai, de quem herdou os “talentos” para o trabalho.
Sem Amor. Dir: Andrey Zyvagintsev, 2017
O representante da Rússia ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2018, concorreu também a Palma de Ouro no Festival de Cannes, conta uma história triste sobre uma família destruída em meio ao contexto atual de tecnologia e redes sociais digitais.
Um menino, filho de um casal prestes a se separar, desaparece e a obra foca na procura dos pais por ele. Usando de simbologias tradicionais em sua filmografia, como as arvores e a cena da esteira, o diretor cria uma história triste, de pais que não dão o devido amor aos filhos e de um relacionamento que sempre foi fadado ao fracasso.
Formado em Jornalismo e apaixonado por cinema desde pequeno, decido fazer dele uma profissão quando assisti pela primeira vez a trilogia “O Poderoso Chefão” do Coppola. Meu diretor preferido é Ingmar Bergman, minhas críticas saem regularmente aqui e no assimfalouvictor.com