A seleção peruana já está eliminada da Copa do Mundo 2018. Mas isso não é razão para a equipe do Cinematologia ignorar a nação do Machu Picchu nesta série especial sobre os países que foram para a Rússia. Com a indústria cinematográfica do Peru em ascensão, este texto tem como objetivo resumir a recente e curta história desse território nos campos da 7° arte.
Vamos lá?
O primeiro filme peruano (que se tem registro) foi Luis Pardo, de 1927. O longa é dirigido, escrito e estrelado por Cornejo Villanueva. Seguindo a temática e estética do faroeste clássico O Grande Roubo do Trem (Estados Unidos, 1903), o longa conta a estória do pistoleiro Luis Pardo, que busca vingança pela morte do irmão, brutalmente assassinado por bandidos.
Confira abaixo um trecho:
Com o passar dos anos, o país não se desenvolveu no audiovisual, limitando sua participação como co-produtor em longas do México e Argentina (as duas maiores potências do cinema latino). Devido a uma média de produção de 2 a 3 filmes por ano, o Peru passou décadas sem produzir uma obra substancial. Tampouco houve um movimento de diretores que criassem um movimento próprio, seja em estética, técnica, narrativa ou temática. Sendo assim, não houve uma identidade peruana no cinema.
O campo só começou a se desenvolver na terra das lhamas a partir dos anos 70, com a criação da Ley de Fomento a la Industria Cinematografica, obrigando salas a exibirem produções nacionais. Em virtude do marco constitucional, o número de produções anuais teve um grande salto – sobretudo nos curta-metragens. A partir dessa época, as obras também começaram a imprimir uma característica homogênea, apresentando constantemente traços culturais e políticos do país.
O cinema peruano começou a chamar atenção internacionalmente depois dos anos 2000, com filmes premiados em festivais pelo mundo. Confira abaixo uma lista de obras recentes que marcam a melhor fase cinematográfica do país:
Dias de Santiago (2004)
Gênero: Drama.
Um soldado militar aposentado (Pietro Sibille), com tendências violentas, tenta se adaptar à vida civil em uma favela na cidade de Lima, além de precisar lidar com problemas familiares.
Vencedor de 14 prêmios em festivais internacionais.
Contra Corrente (2009)
Gênero: Drama.
Um pescador respeitado na vila onde mora e trabalha, casado com Mariela (Tatiana Astengo), está prestes a ganhar o primeiro filho, mas ele vive um romance com o artista Santiago (Manolo Cardona). Com o avanço da gravidez de Mariela, ela começa a pressionar o marido a escolher um dos dois.
Foi representante do Peru no Oscar 2010 e venceu três prêmios em festivais internacionais (Sundance e Philadelphia Qfest).
Madeinusa (2006)
A Teta Assustada (2009)
Gênero: Drama.
Fausta (Magaly Solier) é uma jovem mulher que, de acordo com suas crenças, tem uma doença chamada “teta assustada”, transmitida pelo medo e sofrimento de mãe para filha através do leite materno, pois sua mãe foi estuprada por terroristas nos anos 80. Por conta do trauma, ela introduz uma batata na vagina para evitar ser estuprada e vive isolada no interior do país. Com a chegada da morte da mãe, Fausta inicia uma luta financeira para conseguir enterrá-la em sua cidade natal.
Vencedor de dois prêmios em festivais internacionais (incluindo o Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2009, uma das maiores premiações do cinema mundial).
Pantaleão e as Visitadoras (2000)
Gênero: Comédia dramática
Baseado no livro homônimo do escritor Mário vargas Llosa, o filme narra Pantaleão Pantoja (Salvador del Solar), um capitão do exército peruano encarregado de uma missão especial: levar um grupo de prostitutas através do rio Amazonas, de um campo militar para outro. Mas quando Pantaleão se apaixona por Colombiana (Angie Cepeda), uma das prostitutas, ele se vê entre seus desejos individuais e a necessidade do cumprimento do dever.
Vencedor de 7 prêmios no Festival de Cinema de Gramado de 2000.