Todo país tem um cinema, porém, poucas indústrias cinematográficas funcionam como a da Nigéria, devido as pouquíssimas salas de exibição existentes, o mercado de lá é quase todo concentrado em homevideo, ou seja, as pessoas compram DVDs e assistem os filmes em casa.
Essa é a chamada “Nollywood”, considerada o terceiro maior mercado de produção do mundo, perdendo apenas para Hollywood e Bollywood (da Índia), os filmes que são feitos tem um custo muito barato de produção e são rodados em velocidade também incomum (cerca de 10 dias por filme), isso leva Nollywood a colocar cerca de 1000 filmes por ano no mercado e 50000 mil cópias são comercializadas.
Esses filmes são feitos em vários idiomas, os predominantes são as línguas locais da Nigéria e com elenco e equipe técnica nacionais, apesar desse ponto positivo, não há nenhum tipo de financiamento, incentivo ou programa de apoio vindo do governo nigeriano, logo, o dinheiro sai do bolso dos próprios produtores e participantes dos filmes, há parcerias entre produtores para facilitar a arrecadação.
Isso gera propagandas em filmes, como por exemplo, trailers antes do filme em si começar – lembrando que isso é incomum quando se trata de DVDs – e nas capas dos DVDs, há marketing de outros filmes que estão para ser lançados. Nollywood sobrevive disso, dessas parcerias internas.
A indústria surgiu na década de 80, pois os altos índices de violência do país afastaram as pessoas das poucas salas de exibição cinematográfica, assim, a população mais rica passa a ver filmes em casa e pouco tempo depois, passaram a filmar seus casamentos e festas particulares, o que levou ao inicio da produção de filmes, a popularidade do cinema na Nigéria passa pelos vídeos caseiros.
Em 90, a produção televisiva se fortalece, mas foi aqui que os investimentos para a produção cultural pararam, os produtores começaram as parcerias que fizeram Nollywood nascer e o homevideo ficar cada vez mais forte, vendo em algo criado pela elite, a oportunidade de levar cinema para a maioria da população do país.
Apesar disso, houveram conflitos entre os produtores e a parceria ao menos por um tempo acabou. A televisão nigeriana foi dominada por telenovelas mexicanas, não dando opção para atores e atrizes nacionais a não ser o mercado televisivo que devido a dominância estrangeira, se tornou difícil, até que em 92, um produtor chamado Kenneth Nnebue, reúne pessoas que participaram de trabalhos em Nollywood para fazer um filme chamado “Living in Bondage”. Graças ao sucesso imediato dessa obra, Nollywood volta a crescer e levar filmes via homevideo para as pessoas.
Em 2006, foi lançado o primeiro filme na Nigéria em uma sala de cinema. Isso não acontecia desde 1979. A obra dirigida por Jeta Amata e chamada “The Amazin Grace” teve um orçamento acima do normal para a indústria local e foi um grande sucesso de bilheteria, ultrapassando o então líder nesse aspecto “Sr e Sra Smith”.
Por fim, a Nigéria revelou grandes talentos para o mundo, como Chiwetel Ejiofor, ator vencedor do Oscar por “12 Anos de Escravidão” e Uzo Aduba, atriz da série da Netflix “Orange is the New Black”.
Alguns filmes nigerianos:
The Meeting. Dir: Mildred Okwo – 2013
The Mirror Boy. Dir: Obi Emelonye – 2011
Slave Warrior. Dir: Oliver Mbamara – 2012
Formado em Jornalismo e apaixonado por cinema desde pequeno, decido fazer dele uma profissão quando assisti pela primeira vez a trilogia “O Poderoso Chefão” do Coppola. Meu diretor preferido é Ingmar Bergman, minhas críticas saem regularmente aqui e no assimfalouvictor.com