Cinematologia na Copa – Austrália

Desde 2006 sua seleção marca presença na Copa do Mundo, de modo que vem consolidando a sua posição no cenário futebolístico internacional. Entretanto, de maneira geral, o país é mais reconhecido pela sua fauna, que inclui alguns dos animais mais perigosos do planeta, e o seu nível de desenvolvimento, de modo que sempre figura em altas posições em rankings de qualidade de vida, desenvolvimento humano, liberdade econômica, dentre outros.

A área cinematográfica do país teve início com a produção do filme The Story of the Kelly Gang (1906), uma obra muda sobre a vida de Ned Kelly, notório criminoso do país. Nesse sentido, é interessante notar como a indústria cinematográfico do país manteve um crescimento contínuo e é, hoje, bastante relevante no cenário internacional.

A nação conta, ainda, com grandes nomes da sétima arte. Nesse sentido, os diretores Peter Weir e George Miller são nacionais da Austrália. Na área da atuação, o país conta com nomes do calibre de Hugh Jackman, Nicole Kidman e Cate Blanchett, apenas para citar alguns.

Há muitos filmes que demonstram essa qualidade. Como se tratam de produções conjuntas com os Estados Unidos gozam, ainda, de ampla divulgação. Cite-se, dentre esses, os recentes Lion – Uma Jornada para Casa e Mad Max: Estrada da Fúria, ambos nomeados ao Oscar de Melhor Filme de 2017 e 2016, respectivamente.

Desse modo, seguem, abaixo, dois filmes menos conhecidos do cinema australiano para que os interessados possam se aprofundar ainda mais na rica cultura do país:

O Babadook (The Babadook)

O Babadook é um conto de terror extremamente perturbador, lançado em 2014. Nele, acompanhamos a vida de Amelia (Essie Davis), mãe de Samuel (Noah Wiseman), ainda em luto pela morte do marido Oskar (Benjamin Winspear), que faleceu em um acidente de carro a caminho do hospital, quando Amelia estava para entrar em trabalho de parto.

Trata-se de uma história de terror diferenciada, uma vez que, ao contrário da tendência recente de filmes do gênero, que se sustentam com jump scares – técnica que visa assustar a audiência com uma mudança abrupta de imagem – artificiais, O Babadook foca em criar uma atmosfera inquietante criando ansiedade no espectador. Desse modo, por mais que não conte com cenas sangrentas o terror sempre funciona por ser, no seu centro, psicológico.

Ainda, pode-se entender que o longa aborda diversos temas extremamente relevantes com uma sutileza ímpar. Depressão, luto e maternidade são apenas alguns dos quais podem ressoar com o espectador. Trata-se de uma extensa lista, o que inevitavelmente torna a obra catártica a um número incontável de pessoas.

Por fim, importante apontar que o filme foi a estréia da diretora Jennifer Kent. Fã do gênero desde criança, certamente é um nome a ser acompanhado em trabalhos futuros, sobretudo para os fãs de terror.

Picnic na Montanha Misteriosa (Picnic at Hanging Rock)

Picnic na Montanha Misteriosa é um drama lançado em 1975 dirigido por Peter Weir, hoje mais conhecido pelas obras O Show de Truman e Sociedade dos Poetas Mortos. O filme aborda o desaparecimento de Miranda (Anne-Louise Lambert), Irma (Karen Robson), Marion (Jane Vallis) e Miss McCraw (Vivean Gray), grupo de estudantes e professora em um lugar conhecido como Hanging Rock.

Por mais que trate de um simples desaparecimento, o longa trabalha o suspense de modo que o faz quase palpável. A trilha sonora, quase sempre complementada por uma flauta de pã, dá um ar místico e etéreo à obra, de modo que sempre permanece, no espectador, uma sensação de desconforto pouco racional e quase sobrenatural. Isto é, por mais que a cena em si seja desprovida de tensão, a combinação do som com a cinematografia cria uma aura de aflição em quem esteja assistindo.

Esse sentimento é complementado pelo fato de não haver certeza quanto à veracidade dos acontecimentos narrados. Por mais que haja relatos antigos de desaparecimentos no local, no caso tratado na obra permanece a dúvida. Nesse sentido, importante lembrar que o filme é uma adaptação do livro de mesmo título da escritora Joan Lindsay. Entretanto a própria autora se recusa a confirmar ou negar se os fatos descritos em sua obra são reais. Tudo isso ajuda a aumentar o mistério que cerca o filme.

Ressalta-se que, recentemente, foi lançada pela Amazon uma minissérie de 6 episódios que reconta a história. Também australiana, a obra conta com a presença de Natalie Dormer, conhecida pelo sua performance como Margaery Tyrell na série “Game of Thrones”.