Cinema Europeu x Cinema Hollywoodiano

No início da história do cinema, a Europa dominava o mercado internacional de filmes, sendo a indústria mais forte. É interessante observarmos que havia diferenças no posicionamento da câmera pelos cineastas destas escolas, mas ao longo do tempo as técnicas de filmagem e até os estilos narrativos do cinema europeu eram prontamente incorporados pelos EUA e a recíproca é verdadeira.

A Primeira Guerra Mundial alterou também a história do cinema, provocando uma queda significativa da produção cinematográfica em toda a Europa. Já nos Estados Unidos acontecia o primeiro fenômeno de bilheteria da história do cinema: O Nascimento de uma Nação (1915) e assim começava a nascer o cinema hollywoodiano e a visão de cinema como negócio, com necessidade de sucesso comercial e também de lucro. 


Terminada a Guerra, na Europa o cinema adquire o status da arte. Parte dos espectadores que entendia o cinema apenas como entretenimento, passou a estudá-lo e a compreendê-lo como experiência de reflexão e crítica. No período dos anos 1920 a 1930, os europeus voltaram a produzir filmes e aproveitaram essa fase para trabalhar muita experimentação estética, promovendo um poderoso diálogo entre cinema, música, teatro e artes plásticas.

Na Alemanha, o Expressionismo Alemão trouxe para o cinema os horrores causados pela guerra com seus cenários e maquiagem distorcidos e traziam à tona uma sociedade doente, com autoridades desacreditadas. Grandes cineastas como F.W. Murnau, Robert Wiene, Paul Leni e Fritz Lang, estimularam vários outros movimentos como a montagem soviética, o impressionismo francês, o realismo poético e o surrealismo. No entanto apesar dos americanos terem se encantado com tais movimentos, principalmente o Expressionismo Alemão, eles não tiveram a liberdade necessária à experimentação já que na visão de cinema como negócio a bilheteria era o mais importante. Nesse momento ficou muito clara a diferença entre as duas concepções de cinema historicamente.

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Desse modo o cinema americano desenvolveu suas fórmulas de sucesso, o conhecido “cinema de gêneros” , como westerns, comédias e musicais. As decisões sempre estavam pautadas na bilheteria e cercado de artistas e técnicos da qualidade: atores e atrizes, diretores, fotógrafos, figurinistas, cenógrafos,montadores etc. O cinema norte-americano se torna uma grande indústria e além de gerar riqueza passa a ter um papel fundamental na difusão da ideologia americana: o capitalismo e o “american dream”. A cultura de celebridades foi fundamental para que os espectadores quisessem ir assistir aos filmes estrelados por seus atores preferidos. Essa “fórmula” é usada até hoje pelo cinema hollywoodiano.

Já o cenário europeu, e de certa forma o brasileiro, se diferencia e ganha destaque com suas histórias mais filosóficas, com bastantes simbolismos e com uma tendência de tratar temas dramáticos, complexos e muitas vezes trazendo polêmicas, sendo uma diferença notável do que seria esperado das produções norte-americanas. O resultado disto é algo extremamente artístico e surpreendente que termina no mesmo patamar de grandes produções. Assim temos um “conflito” entre o consumidor casual de cinema e os “cinéfilos”, pois teoricamente existem grandes diferenças entre tais produções. Mas e na prática? Generalizar produções culturais é se utilizar de um pré-conceito que pode estragar a experiência do telespectador antes que ele assista o filme pois em Hollywood existem filmes clássicos e com histórias bem reflexivas – como mostramos no contexto histórico – assim como a Europa possui produções de grande orçamento e nos moldes dos norte-americanos.

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E então, onde está a diferença?

Histórias. Independentemente de quais sejam elas têm o objetivo de oferecer ferramentas para o direcionamento do consumidor de cinema. Mesmo que possam ser divertidas ou até depressivas, podem trazer reflexões a realidade dos espectadores.

O cinema de Hollywood, utilizando este ponto vista de maneira superficial, acaba criando obras tanto positivas como negativas, outras cheias de mensagens e realidades bonitas e outras com realidades tristes e dramáticas que muitas vezes não trabalham a necessidades de se comunicar com os espectadores fazendo-o refletir. Além disso muitas vezes se utiliza dos efeitos especiais para encantar os olhos e satisfazer o público que gosta de histórias para se entreter.

Muitas vezes desamparados com a postura fria da indústria, os filmes europeus, procuram artifícios e recursos que se oponham totalmente ao cinema de “massa” trazendo até mesmo temas que beiram o absurdo, em que apenas pessoas “com um alto grau de conhecimento” poderiam assistir o que de fato, na maioria das vezes, não ocorre pois, o cinema, independente de sua nacionalidade, orçamento ou concepção, é tanto comercial quanto artístico, fazendo com que seja extremamente possível aliar entretenimento e arte, diversão e ampliação do repertório cultural.