A Nouvelle Vague, em suma, foi um movimento cinematográfico surgido na França ao final dos anos 50, na qual os críticos e alguns cinéfilos, insatisfeitos com a forma que o cinema estava sendo produzido, principalmente por Hollywood, se reuniram de forma a restabelecer o realismo poético francês (que valoriza o roteirista em detrimento ao diretor) que vigorou até 1930, engrandecendo assim o o cinema de autor. Nesse contexto, diretores com ideias revolucionarias, como François Truffaut e Jean-Luc Godard, produziram clássicos atemporais que reverberam até os dias de hoje. Confira alguma dessas obras pra conhecer o movimento:
Os Incompreendidos (Les quatre cents coups)
“Antoine Doinel (Jean-Pierre Léaud) é o filho negligenciado de Gilberte Doinel (Claire Maurier), que parece ter tempo para tudo menos o bem-estar da criança. Julien Doinel (Albert Rémy) não é o pai biológico, mas cria o menino como se fosse seu filho. Gilberte está tendo um caso e não se surpreende quando, por acaso, Julien fica sabendo que Antoine não está indo à aula, pois ela sabia que na hora do colégio o filho a tinha visto com seu amante. A situação se agrava quando Antoine, para justificar sua ausência no colégio, “mata” a mãe. Quando seus pais aparecem na escola, a verdade é descoberta e Julien o esbofeteia na frente de seus colegas. Após isto ele foge de casa e arruma um lugar para dormir. Paralelamente seus pais culpam um ao outro pelo comportamento dele, após lerem a carta na qual ele se despede. No outro dia Antoine vai à escola normalmente. Lá sua mãe o encontra e se mostra preocupada por ele ter passado a noite em uma gráfica. Ela alegremente o aceita de volta, mas os problemas não acabam. Antoine se desentende com um professor, que o acusa de plagiar Balzac. Como ele odeia a escola, sai de casa de novo e para viver é obrigado a fazer pequenos roubos.”
Dirigido por: François Truffaut | Ano: 1959 | Tempo: 93 minutos | Elenco: Jean-Pierre Léaud, Claire Maurier, Albert Rémy
Acossado (À bout de souffle)
“Após roubar um carro em Marselha, Michel Poiccard (Jean-Paul Belmondo) ruma para Paris. No caminho mata um policial, que tentou prendê-lo por excesso de velocidade, e em Paris persuade a relutante Patricia Franchisi (Jean Seberg), uma estudante americana com quem se envolveu, para escondê-lo até receber o dinheiro que lhe devem. Michel promete a Patricia que irão juntos para a Itália, no entanto o crime de Michel está nos jornais e agora não há opção. Ele fica escondido no apartamento de Patricia, onde conversam, namoram, ele fala sobre a morte e ela diz que quer ficar grávida dele. Ele perde a consciência da situação na qual se encontra e anda pela cidade cometendo pequenos delitos, mas quando é visto por um informante começa o final da sua trágica perseguição.“
Dirigido por: Jean-Luc Godard | Ano: 1960 | Tempo: 89 minutos | Elenco: Jean Seberg, Jean-Paul Belmondo, Daniel Boulanger
Cléo das 5 às 7 (Cléo De 5 À 7)
“Cléo (Corinne Marchand) é uma cantora francesa que vive um momento de angústia, enquanto espera o resultado de um exame. O teste pode apontar se ela tem ou não um câncer de estômago. Sem saber o que fazer, Cléo perambula pela cidade de Paris. Ela passa uma hora e meia fazendo coisas banais, à procura de distração, até que conhece um soldado que está prestes a ir para a guerra na Argélia.”
Dirigido por: Agnès Varda | Ano: 1962 | Tempo: 90 minutos | Elenco: Corinne Marchand, Antoine Bourseiller, Dominique Davray
Paris nos Pertence (Paris nous appartient)
“Anne Goupil (Betty Schneider) é estudante de literatura na Paris dos anos 50 e se integra a um grupo de teatro que ensaia uma peça de Shakespeare. É levada por seu irmão mais velho, Pierre (François Maistre), para uma festa de amigos que tem como um dos convidados Philip Kaufman (Daniel Crohem), um americano expatriado fugindo do Macartismo, e Gerard Lenz (Giani Esposito), acompanhado pela misteriosa Terry (Françoise Prévost). A principal discussão no evento envolve um possível suicídio de Juan, amigo dos jovens e ativista espanhol que havia recentemente terminado seu relacionamento com Terry. “
Dirigido por: Jacques Rivette | Ano: 1961 | Tempo: 135 minutos | Elenco: Betty Schneider, Giani Esposito, Francoise Prévost
O Ano Passado em Marienbad (L’Année dernière à Marienbad)
“Num hotel de luxo um homem (Giorgio Albertazzi) tenta convencer uma mulher casada (Delphine Seyrig) a fugir com ele. Entretanto ela não consegue se lembrar do caso que supostamente os dois tiveram no ano anterior em Marienbad. “
Dirigido por: Alain Resnais | Ano: 1961 | Tempo: 94 minutos | Elenco: Delphine Seyrig, Giorgio Albertazzi, Sacha Pitoëff
Bônus:
La Jetée
“Na hipotética Paris devastada pela Terceira Guerra Mundial, os poucos humanos sobreviventes pesquisam uma forma de viajar no tempo, para assim poderem mandar alguém para buscar comida, água e talvez uma solução para a terrível posição em que se encontram. Um homem é assombrado por uma vaga lembrança da infância que se provará desastrosa.“
Dirigido por: Chris Marker | Ano: 1962 | Tempo: 28 minutos | Elenco: Helene Chatelain, Davos Hanich, Jacques Ledoux
Apaixonado por cinema, amante das ciências humanas, apreciador de bebidas baratas, mergulhador de fossa existencial e dependente da melancolia humana.