Vamos falar sobre Darren Aronofsky

Hoje, dia 08/01/2017, dia do Globo de Ouro, aquecendo ainda mais a corrida para o Oscar, hoje veremos um pouco mais o cenário que pode figurar na cerimonia do dia 26/02. Mas enfim, acho que está bastante em cima da hora para comentar sobre a premiação e sobre seus indicados. Logo, vamos falar de um assunto que não tem nada a ver (ou talvez tenha) com a premiação de hoje, vamos falar da nova Tekpix, vamos falar sobre um dos grandes diretores da atualidade: Darren Aronofsky.

Com 47 anos, 6 filmes no currículo, uma indicação ao Oscar de Melhor Diretor, Aronofsky possui a marca registrada que ele utiliza em todos os seus filmes, uma técnica chamada hip hop montage. Essa técnica mostra imagens ou ações mais com velocidade aumentada, acompanhada de efeitos sonoros, tentando simular alguma ação.

Sua estréia como diretor se deu em 1998 com o filme Pi ou π, em que ganhou o premio de Melhor Diretor no Festival de Sundance e ainda foi indicado ao Independent Spirit Award de Melhor Primeiro Roteiro e Melhor Primeiro Filme, levando o premio de roteiro. O filme conta a historia de um jovem matemático paranoico tentando encontrar um padrão dentro de sua pesquisa. Com uma mistura de religião, misticismo e o universo matematico, Aronofsky nos mostra o seu estilo que continuaria a vingar nos seu longas seguintes. Além disso, o longa possui uma pegada surrealista e casou perfeitamente com a fotografia preto-e-branca fortemente granulada do filme.

Pi

Já em 2000, é lançado seu segundo longa, Requiem for a Dream, um dos mais cultuados em sua filmografia e talvez seu melhor filme. Com grandes nomes no elenco, como Jared Leto, Jennifer Connelly, Ellen Burstyn e Marlon Wayans, esse filme recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz para Ellen Burstyn, merecido pois seu papel no filme é incrível. Provavelmente é um dos filmes mais perturbadores e depressivos de todos os tempos. O filme conta a historia de pessoas que se entregam aos seus vícios enquanto vivem em seus mundos ideais, até a realidade invadir e devastar tudo e a todos. A trilha sonora é pontual, te deixando cada vez mais tenso e aflito no desenrolar do filme, até chegar ao derradeiro final e você ficando em posição fetal após o término do longa. Como disse Aronofsky: “Requiem for a Dream não é sobre heroína ou sobre drogas … A história de Harry-Tyrone-Marion é uma história de heroína muito tradicional. Mas colocando-o lado a lado com a história de Sara, nós repentinamente dizemos, ‘Oh, meu Deus, o que é uma droga?’ A idéia de que o mesmo monólogo interno passa pela cabeça de uma pessoa quando está tentando parar de tomar drogas, como acontece com os cigarros, como quando eles estão tentando não comer comida para que eles possam perder 20 quilos, foi realmente fascinante para mim. Eu pensei que era uma ideia que nós não tínhamos visto no filme e eu quis trazê-lo acima na tela.”

Em seu terceiro projeto, The Fountain (Arvore da vida) de 2006, pode-se dizer que foi o projeto mais ambicioso do diretor. O filme possui três linhas do tempo, em que o protagonista interpretado por Hugh Jackman sempre se encontra com a personagem interpretada por Rachel Weisz, podendo ou não estarem juntos em todas essas linhas do tempo, reforçando assim a ideia de amor e mortalidade. O ponto de ligação entre as narrativas é a Arvore da Vida, ratificando novamente o tema da mortalidade. O longa é uma viagem bastante complexa devido ser uma jornada espiritual rodeada de elementos religiosos, o que o torna ainda mais enigmático.

The Fountain

Em 2008, é lançado The Wrestler (O lutador), o filme mais “normal” da carreira de Aronofsky, pois se trata da historia de um lutador profissional veterano (interpretado magistralmente por Mickey Rourke), que continua a lutar a fim de recuperar seus dias de gloria, enquanto tenta consertar seu relacionamento com a filha (Evan Rachel Wood) e se envolve romanticamente com uma stripper (Marisa Tomei). Indicado a 2 Oscar, Melhor Ator e Melhor Atriz Coadjuvante, ganhou ainda o Leão de Ouro em Veneza (Melhor Filme), o longa é uma experiencia que já vale a pena ser adquirida apenas pela performance de Mickey.

The Wrestler

Em 2010 temos, na minha humilde opinião, o melhor filme de Darren, um filme que já nasceu clássico, um filme que é bastante cultuado: Black Swan (Cisne Negro). Esse filme é um daqueles em que a cada vez assistida é possível retirar uma nova interpretação, fazer novas observações, te deixar mais em duvida do que antes. Com um desempenho fenomenal de Natalie Portman, o filme traz a historia da bailarina Nina, que após se tornar a bailarina principal da companhia, deve estrelar a apresentação de abertura: O Lago dos Cisnes. Mas para isso, ela deve ser capaz de interpretar o Cisne Negro e o Cisne Branco com perfeição. O problema é que Nina é a personificação do Cisne Branco, e não consegue interpretar o Cisne Negro. Para ela alcançar essa interpretação, ela começa a conhecer seu lado mais sombrio devido a outra dançarina da companhia, Lily (Mila Kunis), em que esta é capaz de interpretar o Cisne Negro com perfeição. Através disso, Nina acabará causando um conflito em sua mente para alcançar a tão sonhada perfeição. Com 5 indicações ao Oscar e uma vitória, Melhor Atriz, Cisne Negro é um filme que pode ser analisado sobre a ótica de um prisma, em que pode ser interpretado como uma metáfora para alcançar a perfeição artística ou pode ser interpretado como uma metáfora para o nascimento de um artista. Além de outras diversas interpretações que todos tiram do filme. Com a trilha maravilhosa de Clint Mansell novamente, o filme não se esgota com o excesso de Tchaikovsky tocado, pelo contrario, só tende a ganhar. Repleto de simbolismo, temos aqui um filme que ainda será muito cultuado no futuro.

Em seu ultimo filme lançado, em 2014, Aronofsky decidiu fazer uma adaptação livremente baseada no livro Gênesis da Bíblia, sobre a historia do Grande Diluvio. E assim nasceu Noah (ou Noé). Na humilde opinião desse que vos escreve, eu não consegui terminar de ver esse filme porque estava achando horrível. Mas enfim, é unanime que este é o pior filme da carreira de Darren, gerando diversas controvérsias quando foi lançado, desde o texto da adaptação até questão racial.

Após Noé, Darren Aronofsky não lançou mais nenhum filme, apenas produziu alguns como o drama Jackie (2016), dirigido por Pablo Larraín que possivelmente dará o segundo Oscar para Natalie Portman. Mas calma, o próximo projeto cinematográfico do diretor já foi anunciado. Com o titulo de Mother e sem data de estréia, o que se sabe até agora é que tem um elenco estelar: Jennifer Lawrence, Javier Bardem, Michelle Pfeiffer, Domhnall Glesson e Ed Harris. Enfim, é apenas esperar e ver o que será esse filme.