Sonhando lucidamente com Waking Life

“Após não conseguir acordar de um sonho, um jovem passa a encontrar pessoas da vida real em seu mundo imaginário, com quem tem longas conversas sobre os vários estados da consciência humana e discussões filosóficas e religiosas.”

Richard Linklater (Boyhood, Before Sunrise) nos presenteia com essa obra filosoficamente maravilhosa, que trata de um assunto que todos possuem um fascínio: os sonhos. E complementando o tema, há constantemente questionamentos sobre a realidade em que o protagonista se encontra.

O personagem da narrativa se encontra em um sonho lucido, em que ele vai atravessando seu subconsciente questionando a realidade a todo momento ou tratando de questões filosóficas, como o livre-arbítrio, e quanto mais ele vai adentro, mais complexos se tornam os questionamentos.

O pior erro que você pode cometer é acreditar que está vivo, quando na verdade está dormindo na sala de espera da vida.

Como o filme é a jornada do protagonista dentro do sonho, sempre há alguém debatendo a todo momento trazendo uma enxurrada de informações, corroborando com citações de alguns escritores, ou com informações técnicas sobre cada um dos temas tratados.

A forma que Linklater filmou o filme foi feita para nos fazer imergir dentro do sonho, pois ele filmou toda a narrativa com atores e depois passou tudo por um processo de computação gráfica, fazendo com que se tornasse uma animação. Ele praticamente fez dois filmes dentro de um.

Talvez a cena mais impactante é quando o protagonista esbarra com uma mulher na escada, no que seria algo mais comum na vida que é passar por um estranho, em que ela retorna e reinicia esse primeiro contato entre eles falando que não quer ser uma formiga.

Com apenas 99 minutos, esse é um filme que te fará olhar o mundo de maneira diferente, ou pelo menos te fazer refletir um pouco sobre sua existência e perceber que há vários assuntos que vão além da duração do filme.

Há apenas um instante, e é agora. E é a eternidade.