Crítica | Paterson [2016]

Nota do filme:

Jim Jarmusch, conhecido pela sua fobia pela tecnologia e sua paixão pelo cinema independente, entrega, novamente, um filme simples que se aproveita da monotonia da vida. Os admiradores do diretor – em especial, pelo filme Broken Flowers (Flores Partidas), se sentirão em casa com este novo longa chamado de Paterson.

Paterson conta a história sobre um motorista de ônibus, chamado de Paterson (o nome da cidade também é Paterson), interpretado por Adam Driver, tem uma paixão pela prática da poesia, porém, só compartilha dessas com sua esposa, Laura (Golshifteh Farahan) que o encoraja a publicar as suas poesias.

É um filme sobre poesia, porém, não fica preso ao tema, o interessante, é como o cotidiano do protagonista é montado. Ele acorda todos os dias, no mesmo horário, ao lado de sua esposa, sai de casa, escuta o seu amigo de trabalho reclamando como a vida é dura, Fica atento a conversas aleatórias dos passageiros (por sinal, bem interessantes), escreve poesias em seu precioso caderno, deixa o ônibus na empresa, ajusta a sua caixa de correios torta, leva o cachorro para passear e entra em um bar para tomar uma cerveja.

Para conseguir se sustentar durante 113 minutos, Jarmusch evita dramatizar o longa, não é um filme de conflitos e sim, de pequenos momentos que oscilam na sua rotina. Cada ato do longa, temos uma nova descoberta, deixando o filme consistente e Cíclico. Não espere grandes situações ou grandes plot twists, é preciso frisar que Paterson é um filme de situações banais, e isso é bom. Grande destaque para a cinematografia que enaltece a beleza entre cidade e natureza, criando um contraste para as poesias do seu protagonista.

Adam Driver entrega uma atuação genuína ao protagonizar um homem comum, longe de ser infeliz, que busca criar a sua poesia através dos mínimos detalhes, conformado com o seu estilo de vida (Ele é totalmente contra o uso de telefones móveis) e com seu cotidiano. Sempre quando Farahan entra em cena, ela balança o mundo de Paterson ao tentar fazer um pouco de tudo e cria bons diálogos sobre o seu sonho de ser artista, ter filhos e até por sua mania de decorar a casa.

Embora o último ato do longa seja um pouco agridoce, Paterson nos brinda a prestigiar os mais singelos momentos da vida, passamos boa parte do dia preso a máquinas e assuntos superficiais e que devemos olhar cada vez mais para o que está ao nosso redor.