LOUVEMOS AS NOVAS E VELHAS DIVINDADES DE AMERICAN GODS

Os Deuses estão entre nós, eles clamam por preces e orações, sacrifícios, oferendas, eles já não realizam mais os nossos desejos, os velhos Deuses foram esquecidos, agora somente os novos Deuses são enaltecidos. American Gods mal estreitou e já está no agrado do grande público, então louvemos os novos e velhos Deuses nessa matéria da nova série do canal Starz.

A série, adaptação da obra de Neil Gaiman, é um romance com fantasias, misturando mitologias antigas e modernas. A história é circundada na figura do personagem Shadow Moon um ex-presidiário que têm sua liberdade antecipada alguns dias após o óbito de sua esposa em um grave acidente automobilístico. Desorientado com essa informação e querendo somente chegar a tempo no enterro de sua esposa, Shadow divide um voo com um senhor um tanto quanto excêntrico nomeando-se de Mr. Wednesday, que lhe oferece uma oportunidade de emprego, onde depois de muita insistência em algumas rápidas conversas Shadow decide aceitar a oportunidade. A partir daí uma jornada se instaura, uma batalha que está longe da compreensão lúcida das mentes descrentes.

Até o ultimo dia 14 de maio de 2017, temos até o momento 3 episódios, onde nestes únicos 3 episódios já podemos começar a entender o que a trama nos guarda. NÃO IREMOS SOLTAR SPOILERS, mas saibam que a compreensão da série é algo muito peculiar e única, estamos falando da adaptação da obra do Neil Gaiman e chamar de peculiar é a melhor palavra para descrever a série no momento. A série é o retrato de uma epopeia, uma saga se preferirem, onde os antigos Deuses querem construir um exército para enfrentar os novos Deuses. Estes antigos Deuses já vêm gradativamente se mostrando nesses três primeiros episódios, Deuses e criaturas mitológicas de toda antiguidade que compõe a trama, sem destaque para um determinado ser mítico, mas sim se deliciem com os momentos com os quais eles aparecem. Na trama é possível afirmar “Os Deuses e Deusas estão entre nós. ” e está afirmação nos faz refletir em duas coisas inicialmente, uma primeira é quando estes Deuses e Deusas passaram a conviver entre nós? E uma segunda o que eles querem de nós? Ainda não dá para responder essas questões somente com três episódios exibidos, porém estas divindades elas precisam de nós.

Alguns pensadores nos apresentam frases problemáticas que nos ajudam a compreender um pouco desta relação Seres Humanos x Divindades apresentadas na obra, Friedrich Nietzsche nos diz que “E o homem, em seu orgulho, criou Deus, a sua imagem e semelhança. ”, “Como? É o homem apenas um erro de Deus? Ou é Deus unicamente um erro do homem? Quem “criou” quem? ou seria como se “criou?” e uma outra frase que diz “Será o Homem um erro de Deus, ou Deus um erro dos Homens?” Nietzsche nos chama a atenção para justamente essa construção imagética das divindades em nossos conscientes, as divindades de American Gods foram subjugadas, esquecidas, açoitadas, rebaixadas de seu estatuto de divino e agora somente são algo mudando, se humilham por preces, orações, devoções. A depressão divina é a pior das doenças possíveis neste seriado, José Saramago nos diz “ Deus não precisa do homem para nada, exceto para ser Deus” e American Gods se mostra ser nitidamente isto, as divindades precisam do homem para simplesmente existir, sem isso elas não são nada.

American Gods promete muito mais, com cenas polêmicas, nudez, extrema violência, e com um roteiro cheio de frases impactantes e reflexivas sobre a construção sócio-intelectual dos seres humanos. A Obra de Neil Gaiman já é sucesso, e para quem é fã deste imortal escritor, fica a torcida para que sirva de motivação para finalmente produzirem algo exclusivo de Sandman (louvemos por isso rsrsr). Se você está assistindo a série comenta aí, se caso está na dúvida em assistir assiste sem medo porque a série vale muito a pena ver.