Crítica | A morte te dá parabéns

Ser morto, reviver o dia do seu aniversário – e da sua morte – e morrer novamente. Assim começa a trama de “A morte te dá parabéns”, onde a protagonista Tree (Jessica Rothe – La La Land) revive incansavelmente o dia de sua morte. O autor do crime é desconhecido, já que o mesmo usa uma assustadora máscara, um clássico dos filmes de terror.

No dia da morte “original”, vemos que Tree é a típica garota popular da faculdade, vivendo em uma fraternidade com amigas falsas, se relacionando com homens casados, criticando a aparências das pessoas. Em suma: não sendo uma pessoa amigável com os outros. Esse fato faz com que muitas pessoas tenham ótimas razões para querer Tree morta.

Ou seja, ao viver repetidamente o dia de sua morte, Tree percebe que não trata bem as pessoas à sua volta. E nesse recair de consciência, começa a rever seus atos, logo chegando à conclusão de que tem uma chance de saber quem a matou e, talvez, mudar o rumo de sua vida, tornando-se uma pessoa melhor.

Para incrementar a trama, a protagonista descobre que suas chances não são infinitas; a cada morte sofrida, ainda que continue viva e revivendo o dia de sua morte, seu corpo sofre os efeitos físicos de cada assassinato. Ou seja, ela está em uma corrida contra o tempo.

Ainda, “A morte te dá parabéns” tem várias cenas cômicas – a exemplo de uma sequência de mortes da protagonista de diversas formas – e abusa também das falas engraçadas. Esse é um destaque positivo, pois como já visto em “It, a coisa”, os filmes mais inclinados para o gênero de terror não precisam ser necessariamente torturantes ou incansáveis, como “Jogos Mortais” ou “O Albergue”. Dessa forma, o roteiro usa tanto de momentos de tensão e suspense como horas de risadas oportunas.

Sem muitas pretensões, ainda que com a direção de Christopher Landon, cujos trabalhos incluem algumas sequências de “Atividade Paranormal”, o longa vem para divertir e nada mais, o que já é um acerto, considerando que muitas vezes isso é mais do que suficiente para um filme ser considerado bom.

Mas é preciso mencionar que os personagens são razoavelmente superficiais, não dando muita margem para atuações de destaque. O plot twist do final não chega sequer a ser uma grande revelação do filme, já que a virada chega justamente naquele momento onde o espectador se indaga “será que era só isso mesmo”?

De qualquer forma, em seu papel de divertir e entreter, o filme tem sua função cumprida, tendo sido recebido com otimismo pelos espectadores e também pela crítica.