Crítica | Homem-Aranha: De Volta ao Lar (Spider-Man: Homecoming) [2017]

Nota do Filme:

Após final de trilogia equivocado e um reboot fora do tom, a Sony Pictures que atualmente detém os direitos do universo do Homem-Aranha, decidiu de uma vez por todas compartilhar desta fonte com a Marvel , que pertence a Disney, para uma nova e possível trilogia do aracnídeo. A grande sacada da Marvel neste reboot foi em apostar em um elenco mais jovem e em um filme mais simples, buscando os pequenos conflitos de Peter Parker em sua conturbada adolescência.

Homem-Aranha: De Volta ao Lar se passa dois meses após os acontecimentos de Guerra Civil e mostra Peter Parker (Tom Holland) buscando intensamente o reconhecimento como Homem-Aranha por seu mentor Tony Stark (Robert Downey Jr.) e possivelmente uma vaga como um Vingador. Enquanto isso, ele precisa conciliar seu tempo como herói e seus afazeres como um mero adolescente de 15 anos. Durante todo esse processo, um vilão aparece no Queens, colocando Parker em situações de risco.

A direção é do novato Jon Watts (Clown e A Viatura) e aqui ele acerta na maneira de recriar a essência do Homem-Aranha, um personagem que tem a sua vida pessoal e seus interesses, mas acaba colocando o dever de Aranha como prioridade, isso é o que torna o personagem tão especial pelo público.

É delicioso ver Parker interagindo com os personagens da escola e matando aula para combater o crime, só que dessa vez há um certo minimalismo quando Peter veste o manto do herói. Bom exemplo disso é em uma cena em que não tem nenhum lugar para ele jogar a teia e acaba sendo obrigado a atravessar o campo de golfe correndo para chegar de um determinado ponto ao outro.

Existem problemas quando se trata das cenas de ação. Boa parte delas são projetadas em ambientes escuros, deixando o espectador desnorteado e distante da imersão. Vale ressaltar que a edição sofre alguns deslizes na em situações em que o herói se locomove muito rápido no ambiente.

O responsável pela trilha sonora é o conhecido Michael Giacchinno (vencedor do Oscar pela trilha de Up: Altas Aventuras) e aqui ela faz um trabalho opaco e que passa despercebido durante boa parte da projeção do filme, com a exceção da música de abertura – os fãs fervorosos ficarão alegres com a singela homenagem.

Se alguém tinha dúvidas do talento de Holland, isso cai por terra em ‘ De volta ao Lar ’,  aqui ele consegue passar todas as características necessárias para um bom Peter Parker e como Homem-Aranha.

A Marvel estava há algum tempo sem acertar com seus vilões, mas Michael Keaton que interpreta o Abutre entrega um personagem com um ótimo arco e você consegue compreender as suas reais motivações para fazer o seu trabalho sujo.

Jacob Batalon, que faz o melhor amigo do aranha, Ned, é o alívio cômico do filme e os momentos com Peter são hilários. É preciso ressaltar o retorno de Jon Favreau como ‘’Happy’’ Hogan, é sempre bom ver o personagem em cena. Laura Harrier interpreta Liz que faz o par romântico do protagonista e é crucial para a movimentação da trama, contudo tem pouco a oferecer quando entra em cena. Zendaya como Michelle aparece pouco, mas deixa um arco interessante para a sequência e Robert Downey Jr. faz o papel de figura paterna para Peter Parker, mostrando o caminho certo onde ir e felizmente as aparições dele são raras, não comprometendo a qualidade do filme ou até mesmo ofuscando o protagonista.

Embora Homem-Aranha: De Volta ao Lar seja inferior aos dois primeiros filmes da trilogia de Sam Raimi, A Sony/Marvel acertam em produzir um longa contido, com o frescor necessário, com uma linguagem atual e com uma ótima acessibilidade para os fãs da franquia e aos novatos. Marca uma nova e bela jornada para o nosso querido amigo da vizinhança.

*** O Filme possui duas cenas pós-créditos. A primeira que indica um possível vilão para o segundo filme e a segunda que é sem dúvidas a melhor feita pela Marvel.